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movimentos de libertação colonial Fatores determinantes Em fins do século XVIII,
iniciaram-se os movimentos que tinham como objetivo libertar a colônia do
domínio econômico português. Deste momento em diante, tomou-se consciência da
exploração colonial como um todo. Entretanto,
os movimentos de libertação colonial só podem ser entendidos dentro de um
panorama que envolve a crise do capitalismo comercial e a passagem para o
capitalismo industrial, conseqüência da Revolução Industrial, iniciada na
Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Com
o desenvolvimento do capitalismo industrial, tornou-se necessário estabelecer
novas relações econômicas entre os países. O livre-cambismo, política econômica da industrialização, forçava a
abertura de novas frentes de comércio. A
partir daí, era preciso extinguir o pacto colonial, pois este era um empecilho
às livres relações comerciais entre os países. A
superação do pacto colonial interessava sobremaneira à classe dominante
colonial (aristocracia agrária, principalmente), que via nisto a possibilidade
de se ver livre definitivamente dos monopólios metropolitanos e da submissão
aos comerciantes portugueses. A
Revolução Industrial transformou a Inglaterra no centro do capitalismo,
subordinado ainda mais as antigas metrópoles e suas colônias. Como nação
pioneira na Revolução Industrial, dava nova forma ao sistema de relações entre
as nações. Com
isso, a Inglaterra garantia para si os mercados produtores de matérias-primas e os mercados consumidores de
produtos industrializados. As
metrópoles ibéricas, Portugal e Espanha, não se encontravam em condições de
avançar para a nova fase do capitalismo - não haviam acumulado capital
suficiente para iniciar o processo de industrialização -, e ficaram, por isso
mesmo, presas ao mercantilismo e ao absolutismo, isto é, ficaram presas ao
Antigo Regime. Com
a Revolução Industrial, a burguesia se afirmou na ideologia do liberalismo
político e econômico. O liberalismo foi a forma de expressão política da
burguesia que buscava formas representativas de governo. Esta
ideologia foi colocada em prática na França, com a revolução de 1789,
derrubando violentamente o absolutismo. Nas
colônias, os movimentos políticos sofreram a influência da crise do centro do
sistema. A independência dos Estados Unidos (1776 - primeiro país do continente
americano a romper com os laços coloniais) foi a prova de que o colonialismo
mercantilista podia ser derrotado. No
Brasil, a situação era própria: "O
enriquecimento e o aumento das populações coloniais, principalmente depois da
descoberta do ouro, aumentando as exigências de troca e, por outro lado, a
ampliação do mercado europeu, fazendo crescer a demanda de produtos coloniais,
tornaram, com o tempo, cada vez mais odiosos os monopólios e as restrições
comerciais, criando na colônia um ambiente hostil à metrópole e receptivo à
pregação revolucionária. " (Emília Viotti da Costa) O
Iluminismo, filosofia revolucionária da burguesia do século XVIII,
consubstanciado no lema "Liberdade, Igualdade (perante a lei), Fraternidade",
foi o pensamento que orientou estes movimentos políticos contrários ao Antigo
Regime. A Inconfidência Mineira (1789) A Conjuração Mineira foi o
primeiro movimento de tentativa de libertação colonial. Aconteceu na região de
Minas Gerais, onde a opressão metropolitana era mais concentrada nos monopólios
e fiscalismo. O
desenvolvimento da colônia, a partir do século XVIII, era entravado pelos
rigores da política mercantilista, que impedia qualquer progresso que
beneficiasse a colônia. Com
referência a estes fatos, Caio Prado Júnior, em Evolução política do Brasil, assinala: "A repercussão desse fato no
terreno político - a revolução da independência - não é mais que o termo final
do processo de diferenciação de interesses nacionais ligados ao desenvolvimento
econômico do país, e por isso mesmo distintos dos da metrópole e contrários a
eles." Este
movimento foi fortemente influenciado pela independência dos Estados Unidos e
baseou-se nas idéias revolucionárias do século XVIII, trazidas para o Brasil
por estudantes, filhos de famílias abastadas que se educavam na Europa. A
conspiração foi realizada por elementos da elite econômica, onde se destacou a
presença de padres e letrados, como: Tomás Antônio Gonzaga, escritor e poeta;
Cláudio Manoel da Costa, escritor e poeta, muito rico, emprestava sua casa para
os conspiradores se reunirem; Inácio Alvarenga Peixoto, poeta e minerador; José
Alvares Maciel, estudante, francamente fiel aos ideais iluministas; José
Joaquim Maia, também estudante, que teria solicitado auxílio aos
norte-americanos, através de Thomas Jefferson, um dos líderes do movimento na
América do Norte; tenente-coronel Francisco de Paula Freire, comandante do
Regimento de Dragões, tropa militar de Minas Gerais, e que estava
hierarquicamente logo abaixo do governador. O
alferes Joaquim José da Silva Xavier foi o mais popular entre os conspiradores.
Embora não tenha sido o idealizador do movimento, teve papel importantíssimo na
propagação das idéias revolucionárias junto ao povo, tentando com isso
arregimentar adeptos para a conjura. Entretanto,
o povo não apoiou o movimento e Tiradentes foi chamado de louco. O
povo não apoiou o movimento porque temia uma represália violenta por parte do
governo português, que em outras ocasiões já reprimira com radicalismo alguns movimentos rebeldes. Vale
frisar ainda que para a massa, composta de negros, índios e brancos pobres, o
fim do pacto colonial não alteraria em nada a sua vida miserável e esfomeada. Os
projetos dos conjurados eram: .
rompimento com Portugal e adoção do regime republicano (a capital da nova
república seria São João del Rei); .
criação de indústrias no Brasil; .
criação da Universidade de Vila Rica; .
adoção do serviço militar obrigatório; .
concessão de pensão a famílias numerosas. Quanto
ao problema da abolição da escravidão, os inconfidentes não chegaram a uma
posição definida. Isto implica dizer que o maior problema social do Brasil - a
escravidão negra - não era levado em muita consideração nem mesmo pelos homens
mais letrados da colônia. Aliás,
diga-se de passagem, a maioria dos inconfidentes era escravista. O
movimento deveria eclodir no dia de uma nova derrama, para aproveitar o
descontentamento popular. Além
de tentar o apoio do povo, Tiradentes buscou também adeptos entre os maiores
devedores da Coroa, pois eram, teoricamente, os mais interessados na luta
contra Portugal. Entre
os grandes devedores encontra-se Joaquim Silvério dos Reis, que chegou a
participar da conspiração, mas que, depois de algumas reuniões, resolveu
denunciar o movimento ao visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais, em
troca do perdão de suas dívidas. O Visconde tomou várias providências, como a
suspensão da derrama (para evitar agitação) e decretou a prisão dos denunciados. Fique
claro, porém, que a Inconfidência Mineira teria fracassado mesmo sem a traição
de alguns inconfidentes, como Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia
Pamplona. Teria fracassado devido à falta de condições de luta para enfrentar a
repressão portuguesa, ao excesso de teorização revolucionária, ao apego a
discussões estéreis sobre abolição, planos administrativos, slogan da bandeira a ser adotada e,
principalmente, devido à falta de apoio da aristocracia rural, única classe que
apresentava condições de luta, pela sua homogeneidade de interesses. Os
inconfidentes presos foram enviados para o Rio de Janeiro, onde também fora
preso Tiradentes, que para lá se dirigira em busca de apoio. Lá
eles responderam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo
qual foram condenados. Todos
negaram sua participação no movimento, menos Tiradentes, que assumiu a
responsabilidade de líder da conjura. Alguns foram condenados ao degredo
perpétuo e outros ao degredo temporário. Cláudio
Manuel da Costa morreu na prisão, onde provavelmente foi assassinado. Tiradentes,
o de mais baixa condição social, foi condenado à morte por enforcamento. Sua
cabeça foi cortada e conduzida para Vila Rica. O corpo foi esquartejado e os
pedaços foram postos pelos caminhos de Minas Gerais (21 de abril de 1792). A
respeito do movimento nos diz Sérgio Buarque de Holanda: "A
falta de consistência não invalida o significado da Inconfidência (Conjuração)
Mineira. Era um sintoma da desagregação do Império português da América. A
coroa portuguesa bem o sentiu e tentou, por um castigo exemplar, deter a marcha
do processamento histórico e impedir, pelo terror, que seus domínios seguissem
o exemplo da América inglesa. Refletia, por outro lado, os impulsos de um povo
que tomava consciência da realidade, suas particularidades e suas
possibilidades. Nesse sentido foi nacionalista. Pode-se, portanto,
considerá-la, sem hesitação, um movimento precursor da Indepêndencia do
Brasil." A Conjuração Baiana (1798) Dentre
os movimentos precursores da independência do Brasil, a Conjuração Baiana ou
dos Alfaiates, de 1798, foi que apresentou características mais populares. A
população da cidade de Salvador, antiga capital do Brasil, era composta
basicamente, por escravos, negros livres, mulatos, brancos pobres e mestiços
que exerciam as mais diferentes profissões, como sapateiros, alfaiates (daí o
nome da conjuração), bordadores, pedreiros e outras. Essa "massa", vivendo em
situação de penúria, pregava a necessidade de se fundar no Brasil uma
"República Democrática" e uma sociedade onde não houvesse diferenças sociais,
onde todos fossem iguais, e onde houvesse "Liberdade, Igualdade e
Fraternidade". As
idéias políticas da Revolução Francesa continuavam a chegar ao Brasil,
inclusive por intermédio da maçonaria. Na Bahia, foi criada a primeira loja
maçônica, Cavaleiros da Luz, que contava com a participação de intelectuais,
como José da Silva Lisboa, futuro visconde de Cairu, e o cirurgião Cipriano
Barata. A
situação de penúria em que vivia o povo baiano foi a principal causa do
movimento, que teve como líderes: João de Deus, Manuel Faustino dos Santos Lira
(alfaiates), Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens (soldados), que estavam
aliados aos elementos da maçonaria. No
dia 12 de agosto de 1798, surgiram nos pontos de maior movimento de Salvador
vários papéis manuscritos anunciando o movimento e utilizando-se de palavras
como: "Animai-vos
Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em
que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais". (Citado em RUY,
Afonso. A primeira revolução social
brasileira. p. 68.) O
governador da Bahia, D. Fernando José de Portugal e Castro, ordenou que se
identificasse o autor dos manuscritos e mandou que se investigassem as
denúncias da conspiração feitas por Carlos Baltasar da Silveira. Foi
preso e dado como autor dos folhetos o soldado Luís Gonzaga das Virgens. Sua
prisão provocou o início do ataque a Salvador, desferido por João de Deus. Entrando
aos gritos em Salvador, os revoltosos, sem qualquer preparo militar, foram
contidos pelas tropas do governo, sendo muitos mortos e alguns presos. Reprimida
a rebelião, submeteu-se a julgamento os principais implicados. Foram condenados
à morte por enforcamento e depois esquartejados: Luís Gonzaga das Virgens,
Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira (que tinha 18
anos). Intelectuais, como Cipriano Barata, foram absolvidos. Esta
conjuração diferenciou-se da de Minas Gerais pelo seu caráter popular. Não se
prendeu apenas à idéia de libertar o Brasil de Portugal, mas de atender às
reivindicações das camadas pobres da população. Bibliografia: Título: História do Brasil Autores: Francisco de Assis Silva Pedro
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